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MOVIMENTOS IN HOUSE NA INDÚSTRIA RELOJOEIRA.

Há alguns anos vemos uma grande tendência nas marcas de entrada e, sobretudo, mid range (falando de relógios acessíveis, deixemos os ultracomplicados e high end para outra oportunidade).

Isto acabou gerando, mesmo que de forma inconsciente, a noção de que se não é in house não é bom. Veremos que não é bem assim.


In house ou modificado, qual a diferença?


Por definição, um calibre in house, é aquele desenvolvido desde sua base pela própria manufatura, como por exemplo o cal. 8500 da Omega, que serviu de base para a linha 86xx, 89xx e etc.

Poderiamos referir o cal. B01 da Breitling. Mas este não é tão in house como vocês imaginam. Vou falar sobre ele mais abaixo.


Normalmente um calibre modificado é encontrado em manufaturas de entrada, tem como base um calibre já pronto, o qual é renomeado pela manufatura, e neste temos adição de alguma complicação, como por exemplo calendário, ou a troca do balanço, ou a supressão de um acumulador no cronógrafo, alteração de frequência para atingir uma maior reserva de marcha, etc, etc e etc.

Posso citar, por exemplo, a Hamilton. Nos novos calibres da linha H, o qual é base ETA, os balanços são trocados por Free Sprung, a redução da frequência para 21.000 VPH para atingir 60 horas na reserva de marcha e etc.

Outro exemplo são os Alpina, que tem como base calibres Sellita.

Enfim, a título de esclarecimento, modificado é todo aquele que tem a base de um calibre pré-existente mas, no entanto, desenvolvido por terceiros.


In House, e daí?


Bom, após esta breve introdução, vamos ao que realmente importa. O que eu ganho tendo um relógio com movimento in house? No máximo satisfação pessoal. Nada além.

Vamos aos fatos: mecanicamente não há nada novo. Abaixo um pequeno comparativo entre uma valjoux "pura", Hamilton H-31 e o Cal. Omega 9300:


VALJOUX


Brand:     ETA

Reference:     7750

Movement:     Automatic

Display:     Analog

Diameter:     30.00

Jewels:     25

Reserve:     42

Frequency:     28800

Date:     Date, Day

Chronograph:     Chronograph

Hands:     Hours, Minutes, Small Seconds

Fonte: https://watchbase.com/eta/caliber/7750


HAMILTON H-31


Brand:     Hamilton

Reference:     H-31

Base:     ETA 7753

Movement:     Automatic

Display:     Analog

Diameter:     30.00

Jewels:     27

Reserve:     60

Frequency:     28800

Date:     Date

Chronograph:     Chronograph

Hands:     Hours, Minutes, Small Seconds

Fonte: https://watchbase.com/hamilton/caliber/h-31


OMEGA CAL. 9300


Brand:     Omega

Reference:     9300

Movement:     Automatic

Display:     Analog

Jewels:     54

Reserve:     60

Frequency:     28800

Date:     Date

Chronograph:     Chronograph, Column wheel

Hands:     Hours, Minutes, Small Seconds

Additionals:     Chronometer, Co-Axial Escapement

Fonte: https://watchbase.com/omega/caliber/9300




VALJOUX

Chrono day/date, 42 horas de reserva de marcha, frequência de 28.8k VPH (que é a frequência que considero mais equilibrada entre precisão e conservação mecânica).


HAMILTON H-31

Acima, temos um Hamilton baseado em uma Eta/VJ 7753, dentre as modificações, a mais significativa é a extensão da carga para 60 horas.


OMEGA CAL. 9300

Principais características: 60 horas de carga, com 2 tambores de corda (permitindo manter a frequência em 28.8k), espiral antimagnética, cronógrafo com Column Wheel.

Pois bem. Nada disso é novidade e pode ser encontrado em relógios de gama inferior.

Column weel? Inventado em 1878 e na verdade, a grande inovação dos Valjoux 7750 foi substituir as tradicionais rodas de coluna (Column Wheel) por alavancas que sofrem menor desgaste. Espiral de silício? qualquer Seiko de entrada usa espiral SPRON anti-magnética.

Dois tambores de corda... ganha-se em reserva de marcha, perde-se em custo de manutenção.

Escape Co-axial? Há quem rebata com o argumento da precisão mas, hoje em dia, qualquer ETA ou Sellita standard é capaz de manter uma marcha de +- 2s/d se bem regulada. A variação de marcha nestes calibres já não é um problema.

Enfim, nada novo aqui a não ser o fato de ter sido desenvolvido por eles. Ah, recordam que mencionei os calibres B01 da Breitling? Bueno, esse pode até ser chamado de in house, mas é feito na casa dos outros.

O famigerado calibre da Breitling, foi desenvolvido pela Acrotec ( https://www.acrotec.ch/en/ ), está lá para quem quiser ver e isso elucida muito o ponto chave deste artigo.


O que um calibre in house lhe traz efetivamente?


Como referido, satisfação pessoal. Mais do que avanços técnicos, o in house se tornou uma mera justificativa horológica para cobrar mais caro, em termos que nada novo ou significativo é trazido ao público.

Que fique claro, o objetivo aqui não é a demonização desses calibres, pois todos são bem construídos, possuem qualidade e imprimem um valor. Dizer se vale a pena ou não é uma questão personalíssima, entretanto, mais importante do "quem faz" é o "o que faz". Independente da manufatura, seja in house ou não, existem bons calibres com complicações interessantes e complicações bonitas sem usar de artifícios ou “Marketing Stunts” para tentar justificar coisa alguma.


Ramiro C.

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